
A Unicafes (União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária) realizou nos dias 24 e 25 de maio, o 11° Encontro Nacional do Cooperativismo Solidário, em Brasília - DF. Cerca de 200 pessoas de todas as regiões do país (entre diretores e representantes das cooperativas, das organizações parceiras e do governo) estiveram presentes para dialogar sobre a importância do fortalecimento da agricultura familiar e os avanços e desafios do cooperativismo solidário, além de debater as diretrizes e estratégias desenvolvidas pelas organizações sociais e os representantes da Unicafes no Brasil.
O painel “Desafios para o Cooperativismo Solidário” contou com a participação da coordenadora do Programa Mulheres e Agroecologia (CTA-ZM), Beth Cardoso, que apresentou os desafios da agroecologia nas cooperativas da agricultura familiar e solidária e, principalmente, a inclusão das mulheres e o seu protagonismo. “O grande desafio é colocar as mulheres em posição de destaque e poder dentro das cooperativas que seguem a linha de que os presidentes e diretores são homens, enquanto as mulheres ficam com papéis menos importantes”.
Beth ainda enfatizou a importância dos representantes da Unicafes terem um outro olhar para os empreendimentos das mulheres, que muitas vezes até poderiam também se tornar cooperativas, mas lidam com problemas como falta de assessoria. “Como se constrói um cooperativismo realmente solidário e que inclua elementos de solidariedade como, por exemplo, a solidariedade com as mulheres, com os jovens, e com os povos e comunidades tradicionais?”, questionou. Ao final, ela ainda propôs que a Unicafes passe a adotar a paridade de gênero no Congresso e inclusive na sua diretoria, assim como já é uma realidade em outras organizações como a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) e a ANA (Articulação Nacional de Agroecologia).
O coordenador geral do CTA, Sebastião Estevão (Farinhada), também participou do evento e ponderou que a prática da agroecologia ainda é um grande desafio para muitas cooperativas do Brasil. “Pelo fato das diversas realidades que tem o país, muitos cooperados não conseguem perceber essa diferenciação e que o mais importante é produzir um produto de qualidade e que valorize as tradições, principalmente a partir das sementes crioulas. Algumas cooperativas ainda produzem alimentos transgênicos e, infelizmente, essa não foi a grande questão debatida no encontro, mas por outro lado esses debates vão se fortalecendo no dia a dia, na base”.
Como ponto positivo, Farinhada destacou o papel da Unicafes em incentivar o fortalecimento da agricultura familiar, dos camponeses e das cooperativas locais, e pensar de fato em uma economia mais solidária. Retornando ao tema da agroecologia, Farinhada enfatizou que é a base que precisa debater a importância de se pensar o desenvolvimento rural sustentável e a economia popular solidária sem produzir e nem consumir produtos transgênicos - tão prejudiciais à terra, ao meio ambiente e à população.
O 11º Encontro Nacional do Cooperativismo Solidário contou com o apoio da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), TRIAS; e com o patrocínio da Fundação Banco do Brasil.
Seminário Nacional
Nesta mesma ocasião (dias 23 e 24 de maio) também ocorreu o Seminário Nacional de Fortalecimento das Redes de Cooperação Solidárias com o objetivo de debater e compartilhar os resultados das ações desenvolvidas com as Redes de Cooperativas Solidárias em 20 estados do país.
Segundo a Unicafes, a proposta é “fomentar um intercâmbio de experiências entre os participantes, além de discutir estratégias para comercialização institucional e políticas públicas para o Cooperativismo da Agricultura Familiar e Economia Solidária”. O Seminário contou com o apoio da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES).
Você conhece a Unicafes?
(Fonte: unicafes.org.br)
A União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária foi fundada em junho de 2005, na cidade de Luziânia (GO). A sede funciona em Brasília-DF e representa nacionalmente as cooperativas. O objetivo é ser um instrumento para os agricultores e agricultoras familiares, visando o desenvolvimento sustentável nas ações de apoio para os associados. A Unicafes é uma pessoa jurídica de direito privado e não possui fins econômicos.
A Organização Não Governamental propõe a inclusão social dos cooperados articulando iniciativas econômicas que ampliem as oportunidades de trabalho, de distribuição de renda, de produção de alimentos, das melhorias de qualidade de vida, da preservação da biodiversidade e da diminuição das desigualdades.
As cooperativas associadas à Unicafes (aproximadamente 1.100) estão espalhadas por todo o país. Atualmente, são 17 Unicafes estaduais de atendimento e articulação para a agricultura familiar e economia solidária (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Maranhão, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Alagoas, Pará, Goiás, Sergipe e Ceará).
As estratégias de atuação da instituição são formadas por: bases de serviços especializadas e bases de serviço operacionais. Elas contribuem com a mobilização entre os ramos cooperativos e qualificam as ações das bases nos diversos espaços públicos.
No quadro de formação da Unicafes estão cooperativas divididas em cinco eixos: crédito, produção, trabalho, comercialização e infraestrutura da agricultura familiar e economia solidária.
Autor: Wanessa Marinho