Intercâmbio Agroecológico na residência da Renata e do Adriano

Nem mesmo a chuva foi capaz de desanimá-los. Como de costume, houve um grande acolhimento por parte da família anfitriã, também muita troca de energia, informação e conhecimento entre os presentes. A tradicional mística de abertura emocionou a muitos com a cantoria da canção “Tenho sede”, de Gilberto Gil. Após esse momento, os participantes fizeram a rodada de apresentação e cada pessoa pôde contribuir com as discussões que envolvem temas recorrentes do movimento agroecológico e da luta campesina na região da Zona da Mata mineira e no Brasil.

Destacam-se algumas questões da política atual que preocupam o movimento, como o Projeto de Lei 6.299/2002, que prevê a liberação, pelo Ministério da Agricultura, de mais venenos – mesmo se outros órgãos reguladores, como IBAMA e ANVISA, não tiverem concluído análises sobre os riscos à saúde; e o Projeto de Lei 34/2015, que desobriga os produtores a informarem sobre a existência de organismos geneticamente modificados (OGMs) nos rótulos de produtos. É importante lembrar que alguns estudos apontam que o consumo dessas substâncias pode inclusive causar câncer. Numa discussão coletiva, foi ressaltada a importância do “trabalho de formiguinha” através de conversas com vizinhos e membros dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais nos municípios, para que os companheiros entendem os riscos do uso de agrotóxicos, já que muitos agricultores agroecológicos convivem com produtores que usam veneno diariamente nas lavouras, e convivem com o perigo de perto.

A agrônoma Yolanda Maulaz fez uma importante contribuição no espaço mostrando resultados da sua pesquisa de mestrado intitulada: “As sementes crioulas e as estratégias de conservação da agrobiodiversidade”. Durante a pesquisa, ela visitou famílias guardiãs da região, mapeou variedades, articulou oficinas e promoveu trocas de sementes em vários eventos. Já o doutorando, Heitor Mancini, falou sobre o Programa “FOREFONT: Benefícios da Natureza nas fronteiras agrícolas-florestais, conectando atores sociais, estratégias, biodiversidade funcional e serviços dos ecossistemas”. No Brasil, a iniciativa é desenvolvida com instituições locais (Sindicatos de Trabalhadores da Agricultura Familiar de Araponga, Espera Feliz e Divino e o Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata - CTA-ZM). A Universidade de Wageningen (Holanda), Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Nacional Autônoma do México (México) e o Colégio da Fronteira Sul (México) também são parceiras neste programa.

O intercâmbio terminou com uma socialização coletiva das experiências e a tradicional troca de mudas e sementes, onde inúmeras espécies de plantas, frutas, legumes e árvores foram permutadas entre os participantes. E como saco vazio não para em pé, houve tempo para a mesa da partilha com diversas quitandas, chás, sucos e aquele cafezinho agroecológico.   

“Estou feliz em receber todos aqui em casa, achei que com a chuva não ia aparecer ninguém e aconteceu o contrário. Isso só reforça a importância desse tipo de evento, onde a gente aprende e contribui muito. Aqui também é um local de ver amigos, conhecer novas pessoas e articular reuniões, entre outras atividades para o fortalecimento da agroecologia”, afirmou Renata Viana.

Carlos Eduardo Siste, professor da FEAD (BH-MG) veio a Divino com vários alunos do curso de Agronomia da instituição. Para ele a agroecologia não se restringe a uma região, é algo mais amplo, por isso a importância de participar de intercâmbios no maior número de locais possíveis. “A ideia é essa de compartilhar a experiência que a gente tem em determinadas áreas e absorver como isso é feito em outro lugar para a construção conjunta de um novo olhar sobre a profissão do agrônomo e as ações a serem realizadas com esses agricultores a partir dessas realidades”, destacou.

Autor: Weliton Mateus

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