
A reunião da Comissão do Polo Agroecológico da Zona da Mata foi um momento de reflexões, debates e propostas coletivas. Participaram mais de 40 pessoas, entre elas agricultores(as) familiares, representantes de diferentes organizações (de mais de 12 cidades) e lideranças do movimento agroecológico na Zona da Mata.
O objetivo principal da reunião foi dar início à elaboração de um plano agroecológico direcionado à Zona da Mata Mineira, com o apoio de grupos, organizações e instituições que constroem a agroecologia e a produção orgânica do Polo Agroecológico. Para Sebastião Estevão, o Farinhada, a construção do plano é necessária ao Polo por ser um meio de orientar, divulgar os trabalhos das agricultoras e agricultores, além de ser uma ferramenta de resistência agroecológica. A existência do plano permitirá ainda mais que as ações, concepções e metodologias da agroecologia ecoem por mais lugares e cheguem a mais pessoas.
A partir do Plano de Agroecologia, os envolvidos com os processos agroecológicos podem começar a formar mais articulações para novas construções de políticas públicas que beneficiem as agricultoras, agricultores e a agricultura familiar.
A construção do plano está sendo orientado pelo plano nacional de agroecologia, que em muitos aspectos favorecem a Zona da Mata. De acordo com a professora Irene Cardoso, “esse plano nacional contempla a Zona da Mata, mas faltam alguns elementos, temáticas e características fortes que não aparecem e precisam constar no plano regional. E essa precisa ser sobretudo uma construção coletiva”, destaca.
Para Farinhada, essa é uma construção muito importante, pois é a oportunidade de valorizarmos práticas, saberes e culturas da nossa região que nem todos conhecem, de promover uma maior visibilidade para o trabalho dos agricultores e agricultoras que há anos deixaram de utilizar veneno na sua produção, além de todo esse potencial de contribuição das experiências da Zona da Mata Mineira para outras regiões.
A construção do plano regional envolverá dois grandes temas: combate ao uso de agrotóxicos - para a garantia da qualidade de vida e soberania alimentar -; e a educação no campo com valorização do saber popular. “A partir desses dois temas, estamos discutindo outros eixos para a construção do nosso plano de agroecologia. A agroecologia é como uma colcha de retalhos, que é construída por diversos temas e eles precisam ser discutidos e costurados juntos, como o tema das mulheres, das juventudes, as culturas populares, as comunidades quilombolas, as conquistas de terras, o plantio e a conservação das sementes, o combate ao uso de agrotóxicos… tudo isso constrói a agroecologia”, afirma Sebastião Farinhada. Para ele, agroecologia significa também respeitar e proteger a natureza.
Sobre o cenário político e as perspectivas para o movimento nos próximos anos, Farinhada ressalta: “eu entendo, enquanto lutador e militante que, independente do governo, se é popular ou não, nós devemos pressionar o governo e ter consciência dos nossos papéis para conquistar nossos espaços, e além disso apoios e recursos para seguir na luta. Nós devemos sempre lutar pela agroecologia”.
E nesse clima de luta e resistência, a próxima reunião do Polo foi agendada para o mês de outubro, quando as discussões e definições sistematizadas serão apresentadas e definidos os próximos passos para a elaboração do plano agroecológico.
Polo Agroecológico
Ao final de 2018, o projeto de lei de 4.029, de autoria do deputado Rogério Correia, do PT, virou lei na Assembleia Legislativa de Minas. A Lei, de número 23.207 institui a Zona da Mata como Polo Agroecológico e de Produção Orgânica, com o objetivo de promover e incentivar o desenvolvimento da agroecologia e da produção orgânica na região.
Autor: Lara Viana