Há 132 anos a luta incansável por liberdade os livrou da condição de escravização, mas o Estado omisso e opressor não ofereceu nenhuma estrutura ou apoio aos que por mais de 300 anos trabalharam sem ganhar nada.
Parece justo? Não foi. E infelizmente ainda estamos amargando trágicas consequências de uma série de injustiças! A sociedade brasileira é marcada pela desigualdade e a reparação deveria ser uma busca de todos, não só dos negros.
O mês de novembro, especialmente o dia 20 em que lembramos o aniversário de morte do herói Zumbi dos Palmares, é uma oportunidade de levantarmos o debate sobre raça no Brasil.
O assunto é muitas vezes evitado pela falsa ideia de que a abolição da escravidão resolveu todas as questões relacionadas ao povo preto. A consciência negra precisa ser então a construção de uma discussão política, identitária, cultural e religiosa que permita à sociedade brasileira reconhecer a importância da presença de cada pessoa negra para o país. Reconhecer as africanidades na nossa identidade, e o mais importante: conhecer a história do Brasil contada não pelo colonizador, mas pelos negros que junto aos indígenas foram e são resistência.
A história do Brasil não deveria ser contada sem enaltecer o povo preto. A falta de conhecimento sobre a história nessa perspectiva agrava o racismo. Racismo que mata.
Negar a existência do racismo, sobretudo o racismo estrutural que dificulta a presença dos negros em espaços de poder, de representação, nas universidades, é um desserviço à sociedade brasileira. Precisamos de coragem para conhecer a história e lutar para transformá-la. E podemos fazer isso cuidando da juventude negra, principal alvo da violência policial, não discriminando as religiões de matriz africana, valorizando os saberes ancestrais que nos revelam o poder das plantas medicinais.
Precisamos garantir que as oportunidades negadas aos negros não tirem deles as forças de acreditar nas possibilidades e de desenvolver suas potencialidades.
Comece! Leia autoras e autores negras e negros como: Lélia Gonzalez, Carolina Maria de Jesus, Milton Santos, Djamila Ribeiro, Conceição Evaristo, Sueli Carneiro, Sérgio Vaz, e tantos outros.
Conheça a história de Zumbi dos Palmares, Tereza de Benguela e outros verdadeiros heróis brasileiros. Conheça a trajetória do povo preto na sua cidade.
Apoie a juventude.
Aos negros e negras: escrevam as suas histórias, as vivências da sua família. Quem melhor que você para deixar esse legado?
Tomemos consciência de que cada passo é importante nessa caminhada antirracista e libertadora capaz de revolucionar verdadeiramente a vida de todos os brasileiros.
"Enquanto a questão negra não for assumida pela sociedade brasileira como um todo: negros, brancos e nós todos juntos refletirmos, avaliarmos, desenvolvermos uma práxis de conscientização da questão da discriminação racial neste país, vai ser muito difícil no Brasil, chegar ao ponto de efetivamente ser uma democracia racial" - Lélia Gonzalez.
Artigo escrito por Lílian Moura (Comunicação CTA-ZM)