
No Brasil, os números são assustadores. O “relógio da violência” marca que a cada 2 segundos uma mulher é vítima de violência física ou verbal no país; e que a cada 2 minutos uma mulher é vítima de arma de fogo. Fora todas os outros tipos de agressões e ameaças que elas sofrem. Esse relógio precisa parar.
Em uma sociedade com séculos de tradição machista e patriarcal como a brasileira, a maioria dos homens de alguma forma acredita que tem poder sobre as mulheres, que suas vontades, desejos e opiniões são sim mais importantes que as delas, e que jamais devem ser contrariados. Muitos ainda acreditam que tem o direito de agir de forma agressiva, atacando a mulher física e/ou verbalmente, quando bem entenderem. Por sua vez, muitas brasileiras se tornam reféns desse tipo de situação dentro do seu próprio ambiente familiar.
Segundo o Mapa da Violência 2015, o Brasil se destaca como o 5º país com a maior taxa de assassinatos de mulheres, ou seja, a quinta pior posição no cenário mundial: por aqui são 4,8 assassinatos para cada 100 mil brasileiras. E o que o poder público e a sociedade estão fazendo para reverter essa situação?
De acordo com dados divulgados pelo Ministério dos Direitos Humanos, entre janeiro e julho de 2018 houve 79.661 relatos de violência contra mulher no Brasil, a grande maioria relacionada a violência física (37.396) ou psicológica (26.527). Dentre todos os relatos, 63.116 foram classificados como violência doméstica e familiar.
O machismo mata. Embora a pauta da violência contra as mulheres tenha alcançado grande visibilidade no país nos últimos anos, ele continua matando. E embora tenham sido sancionadas novas leis contra a violência e as punições sejam mais severas, os números da violência só aumentam. E embora as mulheres cada vez mais falem e escutem sobre violência, o medo e a vergonha continuam paralisando, as histórias pessoais e a violência vivenciada diariamente continuam sendo omitidas.
No Brasil, os municípios com as maiores taxas de homicídios de mulheres são os de pequeno porte. E o que acontece na zona rural onde as mulheres estão literalmente isoladas e são muito mais invisibilizadas? Os números não mostram. É preciso mais do que cumprir a Lei Maria da Penha. É cada vez mais necessário incentivar as vítimas a denunciar e fazer com que a sociedade e os órgãos competentes acolham essas mulheres, além disso é necessária a prevenção para enfrentar o problema. O silêncio e isolamento das vítimas deixam a situação ainda mais delicada. De acordo com o “Dossiê Feminicídio”, da Agência Patrícia Galvão, 92% das pessoas entrevistadas acreditam que as mulheres que sofrem agressões frequentes podem ser assassinadas, o que ressalta que os riscos são “iminentes e reconhecidos” pela sociedade, e reforça ainda mais a necessidade de se romper com esse ciclo de violência.
Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher
25 de novembro é o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher em homenagem às irmãs Mirabal. Mais conhecidas como “Las Mariposas” – Maria Teresa, Pátria e Minerva – foram heroínas na luta contra a ditadura de Rafael Leônidas Trujillo, na República Dominicana. Mas, em 1960, as irmãs foram brutalmente assassinadas pelo ditador. A data foi escolhida para levantar reflexões sobre a violência que grande parte das mulheres sofrem.
Autor: Wanessa Marinho