Ontem, em Divino (MG), dia 5 de maio, agricultores e agricultoras celebraram o aniversário de 10 anos dos Intercâmbios Agroecológicos. Foram mais de 130 participantes, entre agricultores, agricultoras e organizações parceiras.

A ideia dos intercâmbios começou com um grupo de 5 famílias que foi estimulada pelo CTA-ZM e pelo Sindicato a se reunir para trocar ideias e experiências e também para retomar o costume das famílias se visitarem umas nas casas das outras.

Mas o grupo logo viu que essa proposta não poderia ficar ali “engessada”, só naquele pequeno grupo de famílias, e que o trabalho tinha que se ampliar. Aos poucos, a notícia foi correndo e outras famílias quiseram conhecer esses intercâmbios e se aproximar. “Posso participar?”. O entusiasmo do grupo inicial empolgou outros agricultores.

Os primeiros encontros só reuniram os homens. Logo o pessoal se deu conta desse furo. Vieram as mulheres, vieram as crianças e vieram os jovens, e com elas novos temas passaram a ocupar a agenda dos intercâmbios. Até casamento saiu!

Um intercâmbio pequeno, só numa comunidade, é um “Intercambinho”. Se é maior e envolve outras comunidades, parceiros, técnicos e estudantes, é um “Intercambão”. O importante é manter uma agenda de encontros e encaminhar as propostas que vão aparecendo. E para isso o grupo tem o apoio do Sindicato. As questões discutidas nos intercâmbios dão origem a oficinas práticas onde o pessoal aprende a fazer caldas, biofertilizantes, controle alternativo de berne e assim por diante.

A animação que os intercâmbios foram gerando no município levou o pessoal a reativar a associação, que estava parada. Com a associação passaram a discutir como acessar as políticas públicas. Daí veio o PNAE e o estímulo à produção. Em 2016 nasceu a feira agroecológica municipal, que vem desde estão acontecendo todas as quartas.

O PNAE valorizou o trabalho das mulheres, e os intercâmbios criaram o espaço para elas se encontrarem. As Cadernetas Agroecológicas ajudam no registro diário da produção dos quintais. Ali se anota tudo, o que é consumido pela família, o que é doado, o que é trocado e o que é vendido. Cada ovo colhido ou maço de couve. O pessoal já viu que tem quintal gerando mais renda que o café. Primeira lição: tem que diversificar. Segunda lição: tem respeitar o trabalho das mulheres na agricultura e fortalecer sua autonomia.

Uma espiga de milho crioulo que alguém levou num intercâmbio uns anos atrás hoje vai dar uns 200 sacos. O agricultor quilombola que se diz analfabeto foi na universidade dar palestra sobre plantas medicinais.

Outras comunidades foram chegando e hoje o e pessoal de Divino está mais unido e conhece lugares do seu próprio município que antes nem sabia que existia. E seguirão partilhando ideias, dificuldades, experiências, fé e esperança.

10 passos dos intercâmbios - uma proposta de metodologia

Para quem quiser realizar um intercâmbio agroecológico, segue a nossa proposta de roteiro. A realização dos dez passos dura aproximadamente cinco horas e o ideal é seguir a ordem até o passo seis, depois você pode alterar a ordem como achar melhor.