
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), no primeiro semestre desse ano, o Brasil registrou aproximadamente 650 casos de feminicídio, um aumento de quase 2% relacionado ao mesmo período do ano anterior. Já a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH) registrou um aumento de mais de 14% de denúncias entre janeiro e abril se comparadas ao mesmo período em 2019. Só em abril, houve um aumento de quase 40% nas denúncias!
Além das violências física e sexual, a sobrecarga também é outro elemento da realidade das mulheres, já que são as principais responsáveis pelo trabalho doméstico. Com mais pessoas em casa e por mais tempo, os acúmulos de trabalhos de cuidado, limpeza e manutenção da casa e da família recaem sobre as mulheres.
É muito comum que as mulheres se descubram em situação de violência, sobretudo psicológica, quando encontram-se com outras mulheres, quer seja em trabalhos coletivos, na igreja, nos sindicatos... Nos últimos meses, esse apoio por meio dos encontros presenciais também não tem sido possível e isso nos leva a buscar alternativas de cuidado. Nesse sentido, muitos relatos têm surgido por meio das redes sociais e de conversas informais e desses espaços emergem novas formas de constituir redes de apoio e cuidado.
Já sabemos das grandes dificuldades de avanços políticos no que diz respeito a esse assunto. Em geral, são muitos anos de luta para que avancemos, social e legalmente, para garantir que mulheres tenham seus direitos resguardados. Nesse contexto desafiador, é preciso que estejamos ainda mais vigilantes, porque retroceder no que diz respeito aos direitos das mulheres e das e dos trabalhadores é um projeto político desse governo, que tenta nos distrair com fake news e notícias polêmicas enquanto decidem sobre nossas vidas na calada da noite.
As eleições municipais desse ano evidenciaram que ainda vivemos sob o vício de governos machistas, mas também nos trouxe importantes vitórias, políticas e eleitorais. Por isso, ter mulheres que representem nossas pautas na esfera institucional da política é um grande avanço para as vidas das mulheres!
A organização e a participação das mulheres, portanto, são fundamentais para a construção de um projeto político feminista! É preciso que haja discussões, reflexões, debates e formações. É fundamental que nosso sistema educacional incorpore discussões que permitam que alunas e alunos se reconheçam como cidadãs e cidadãos capazes de escrever outra história, em que homens e mulheres vivam em condições justas, humanas e equitativas. Que mulheres possam ser quem quiserem sem medo de serem violentadas e que os homens aprendam a nos respeitar!
Autor: Thalita Rody