Agricultoras trocam experiências sobre plantas medicinais com professor da UFJF

O curso de Plantas Medicinais e Fitoterapia, ministrado pelo professor Daniel Pimenta, do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), foi um momento de descobertas, reflexões e compartilhamentos de experiências. As agricultoras tiveram a oportunidade de conhecer o laboratório de uma universidade, compartilhar seus conhecimentos durante visita ao horto medicinal, além de vivenciar uma outra maneira de interagir com as plantas no jardim sensorial. Tudo isso aconteceu graças ao apoio do Fundo Socioambiental Caixa, que financia o projeto Mulheres da Mata.

Durante o curso, Daniel Pimenta falou sobre as pesquisas que são realizadas com plantas medicinais, a produção de fitoterápicos, o problema da biopirataria e de patentes que podem servir apenas para beneficiar cientistas e grandes empresas: “O que a gente tem agora na ciência é essa contribuição que muitas vezes se extrapola e acha que tem que mandar nessa área do conhecimento e não tem. O conhecimento tá na população e vai continuar. Isso é auto sustentabilidade, isso é cultura, isso é identidade nacional. A maior diversidade de flora do planeta está no Brasil. Não dá pra ciência achar que vai agora organizar à sua maneira, contanto que ela continue mandando”. Por outro lado, Daniel apontou que há formas de ajudar a comunidade de onde veio a planta medicinal: “Tem gente que publica e fala de onde tirou a planta pra garantir direito autoral pra comunidade”.

A agricultora de Paula Cândido, Vera Ferreira, trabalha há 23 anos com plantas medicinais e não parou de anotar os conhecimentos compartilhados pelo professor e pelos companheiros. “Pra relembrar quando chegar em casa”, disse. Com tantos anos de experiência, ela já conhecia muitas das plantas do horto medicinal, mas acredita que é sempre bom ver, ouvir e poder falar das práticas que utiliza. “O professor Daniel é ótimo nas explicações dele. E eu acho muito interessante que ele fala e faz, demonstra pra gente que sabe do que tá falando, que sabe fazer e quer saber o que a gente sabe também. Como eu amo esse trabalho, pra mim é tudo de bom”. Uma novidade para Vera foi a receita de sabonete contra piolho que o professor passou. “Esse me chamou bastante atenção porque eu não conhecia. O piolho é uma praga que entra em praticamente todas as famílias e a gente precisa eliminar”.

Para a estudante da EFA Paulo Freire, Luma Barbosa, tudo foi novidade. “Apesar de eu estar nesse caminho da agricultura há bastante tempo, aqui é tudo muito novo pra mim. Eu já fiz tratamento com plantas medicinais em Cataguases, mas é muito bom ver que tem tanta gente que acredita nessa cura pela medicina da terra e das plantas. E aqui a gente aprendeu a forma de tratar a planta, o jeito que ela tem que ser colhida, manejada, onde está cada nutriente...é muita informação que eu posso levar pra escola e pra minha casa também sobre coisas que a gente já tem lá e não sabe o verdadeiro uso nem que é bom pra saúde”. Além de ter gostado muito da visita ao jardim sensorial, Luma também destacou a visita à UFJF como um todo: “Eu sempre tive muita vontade de conhecer a UFJF, mas nunca tive oportunidade. E o Daniel é um desses professores que fica meio escondido do mundo e que deveria tá mais junto com a gente pra transmitir esse conhecimento”.

Trabalhando com plantas medicinais desde a sua graduação, na década de 80, Daniel afirma que o que mais aprendeu nesses anos é que o conhecimento popular é fundamental: “O que a gente faz é só dar uma capa científica a uma sabedoria milenar”. De acordo com ele, a proposta do curso foi realmente promover uma troca de experiências. “Plantas que eu não sabia, eles me falaram... porque planta medicinal é isso: a gente não sabe tudo, mas a gente tem a experiência de algum tempo. Pra mim é muito importante ter essa troca e saber que estou criando laços até mesmo afetivos pra trabalhos futuros. Essa coisa da gente ter um futuro efetivamente comunitário, partilhado, é o que me motiva a estar aqui dando um curso no final de semana. É o que me alimenta, estar fazendo algo que é útil, que não é um trabalho meu, que é uma troca. Eu só tenho a agradecer”.

Autor: Wanessa Marinho

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