Caravana MG (3º dia) - As dificuldades dos agricultores em conflitos de territórioNa quarta-feira, dia 19, a caravana MG partiu do CAA, em Montes Claros, com destino ao município de Grão Mogol, mais especificamente para fazer uma visita ao assentamento Americana. Chegando lá, o grupo conheceu um “pastejo rotativo ecológico”. 

  

O senhor João também mostrou a sua plantação de mandioca e de feijão em parceria com diversas outras plantas. “Isso é pra poder ir na roça e não voltar com as mãos vazias. Se você plantar só feijão, você só vai colher um dia. Agora sendo uma plantação parceira da outra e ninguém prejudicando ninguém, todo dia você colhe um pouquinho de alguma coisa”, explicou. 

  

Contudo, a mesma dificuldade apontada no dia anterior, de acesso aos mercados e políticas públicas, também foi relatada pelo senhor João. “Há muita dificuldade de acessar o governo e de ter clareza de como as coisas são. Porque quem mais paga o banco é os pequeno produtor porque a gente tem medo de sujar o nosso nome, mas parece que sempre tem uma pequena coisa que impede a gente de ter acesso”, disse. Outra dificuldade relatada no assentamento diz respeito aos conflitos pela terra. Embora a área esteja demarcada ainda não existe nada documentado, o que causa insegurança para os assentados. 

  

Após a experiência em Americana, a caravana seguiu em sentido a Turmalina – MG, mas antes fizeram uma parada para conhecer a barragem de Irapé. Durante o relato, o grupo ouviu o quanto os agricultores da região foram prejudicados pela instalação da barragem, além do absurdo de muitos terem ficado sem o seu pedaço de terra enquanto outros até hoje não receberam os documentos do Incra. 

  

Para o caravaneiro Mateus, do município de Januária – MG, fazer uma barragem como essa é “um prejuízo pra nação brasileira porque ela vai produzir energia e esquecer da humanidade. E essa é uma dificuldade constante que a gente vem vivendo”

  

Os atingidos pela barragem seguiram o seu relato falando também sobre o absurdo de ver vários milhões de litros de água e não poder usufruir de um litro que seja. “Por lei, a gente não pode nem se aproximar daquela barragem pra pegar sequer um litro de água. Essa mesma lei foi que desapropriou a gente e nunca deu satisfação de nada”. Além das famílias terem as suas propriedades alagadas e ficado sem a sua terra, os poucos que ainda tem terra para plantar enfrentam grandes dificuldades de produção. 

  

Após um dia de relatos sobre a difícil realidade de muitos agricultores, a caravana seguiu para o município de Turmalina, onde dormiram no Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica.

Autor: Wanessa Marinho (comunicadora CTA-ZM)

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