Após passarem a noite no Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica (CAV), em Turmalina – MG, os caravaneiros e caravaneiras amanheceram na quinta feira, dia 20, prontos para mais um dia de experiências agroecológicas e trocas de conhecimento.
Durante toda a manhã, eles participaram de uma roda de conversa no CAV para conhecer um pouco mais sobre os projetos e ações desenvolvidos pela organização e também tiveram a oportunidade de conhecer a sua produção de mudas e sementes, criação de animais, sistema agroflorestal e hortas.
O caravaneiro Mateus, de Januária – MG, aproveitou para pegar várias mudas que, segundo ele, após a caravana serão plantadas na sua propriedade. “Peguei muda de café, de abacate, que eu já tenho na minha propriedade, mas é bom você mudar a variedade, né? O CAV me deixou totalmente impressionado com o potencial que eles tem. Aqui é realmente uma unidade demonstrativa porque eu vi várias coisas produzindo e eles tão mesmo atuando na prática”, elogiou.
Depois de uma manhã produtiva e um almoço delicioso, a caravana MG seguiu rumo a Comunidade Morro Branco, em Chapada do Norte. Ali eles fizeram uma parada para ouvir um pouco mais das dificuldades de quem vive “encurralado pelo eucalipto”.
De acordo com o relato do agricultor familiar, hoje ele se encontra ilhado na sua própria terra. “O único direito que eu tenho aqui é de tirar o pé da minha casa direto pra estrada porque se eu entrar na área de eucalipto, eles me denunciam e até me prendem”. Para diminuir o impacto da falta de água, a família conseguiu construir uma microbarragem, mas isso não diminuiu o medo das plantações de eucalipto e dos seus estragos. “O plantio de eucalipto só cresce na região e ninguém toma providência de nada. E cada dia, cada ano que passa, a água diminui mais”. Enquanto ouvia o relato, um dos caravaneiros comentou: “Esse não é o Brasil que a gente quer. Nós queremos um Brasil social pra todo mundo”.
Mas apesar das dificuldades relatadas, o grupo ficou impressionado com a produção que a família consegue ter naquele pequeno espaço de terra cercada de eucaliptos. “Aonde uns e outros não pode produzir, não consegue produzir em 50 hectares, ele, em 5 hectares, tá produzindo um milhão de coisas e sobrevivendo daquilo ali. Tem um plantio de quiabo excelente, de alface excelente, tem um plantio de mandioca, de couve, de tomate, tem frutas... É muito gratificante a gente como produtor ver uma propriedade tão bonita mesmo com as dificuldades. Me deixou emocionado. Tô levando algumas frutas daqui pra levar essa troca de experiência pra minha região. Tomara que a gente possa tá participando de outras caravanas e também trazer os frutos que a gente tem na região pra poder trocar com o pessoal”, afirmou Mateus.
