Em Ibirité – MG
No segundo dia da caravana SP, o grupo rumou em sentido a Belo Horizonte para visitar experiências de agricultura urbana. A primeira parada foi em Ibirité, na região metropolitana de BH, onde conheceram a propriedade do Toninho, agricultor orgânico da região.
O relato foi bem parecido com o que os caravaneiros e caravaneiras haviam escutado, no dia anterior, pela de boca João Sorriso. Desta vez, era Toninho quem apresentava as dificuldades da comercialização de seus produtos, segundo ele, vendendo a grandes redes varejistas a preços irrisórios no mercado. Com uma oratória bastante desacreditada, o agricultor relatou quais são as dificuldades que encontrava por estar isolado de outros grupos. Mas, por outro lado, os participantes da caravana ficaram impressionados com a autonomia que Toninho tem em relação à sua produção de sementes.
Tanto essa quanto a experiência anterior suscitaram no grupo alguns debates sobre a questão de gênero, já que nos dois casos apenas homens apresentaram as experiências com foco exclusivo no seu trabalho, negando ou omitindo a participação da mulher nesse contexto.
Em Belo Horizonte – MG
No mesmo dia, a caravana seguiu para Belo Horizonte para visitar outras duas experiências de agricultura urbana. A primeira foi a experiência dos agricultores da Associação de Agricultores Agroecológicos e Biodinâmicos da Serra do Rola Moça, que têm sofrido constante pressão de especuladores imobiliários para que deixem suas terras, consideradas Zona de Amortecimento do Parque Estadual Serra do Rola Moça. E, neste caso, é importante ressaltar que esse tipo de pressão está muito presente em grande parte das iniciativas de agricultura urbana encontradas no país, representada pelo alto valor da terra urbana e pela constante expansão de novos empreendimentos imobiliários.
Outra experiência visitada foi o Jardim Produtivo, no bairro Barreiro. Uma experiência desenvolvida no âmbito do projeto mundial chamado Cidades Cultivando o Futuro, articulado em BH pela Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas.
Hoje, o Jardim envolve aproximadamente oito famílias, mas possui lotes vagos para o envolvimento de outras tantas. Os produtos são comercializados na própria comunidade ou nas escolas. E, com uma beleza estética inigualável, a experiência também se destacou por ser a primeira apresentada por uma liderança feminina, a aposentada Raquel, que defendeu, com muito orgulho, a não utilização de nenhum tipo de veneno na horta.
Segundo Raquel, no Jardim Produtivo, os produtores não possuem Declaração de Aptidão ao PRONAF (DAP), mas esse problema já está sendo superado com a liberação das declarações pelos órgãos estaduais competentes. A ausência de DAP impede, em grande parte, as experiências de agricultura urbana no país.