
Apesar de atingir toda a população, a pandemia tem afetado com mais intensidade os segmentos sociais mais vulneráveis, que enfrentam dificuldades no acesso ao sistema de saúde, que vivenciam uma situação de desemprego e moradias precárias, geralmente localizadas nas periferias das cidades e, em parte, no campo. Importante destacar que este agravamento do problema é resultado do desmonte acelerado das políticas públicas e da estrutura desigual e racista da nossa sociedade.
Na Zona da Mata mineira a Campanha Periferia Viva tem arrecadado doações e utilizado os recursos para comprar alimentos saudáveis e sem veneno da agricultura familiar (de base agroecológica), além de produtos naturais de higiene, em três territórios: Caparaó, Serra do Brigadeiro e Microrregião de Viçosa. Nesse sentido, a Campanha tem contribuído para o acesso da população vulnerável à comida de verdade e para fortalecer os verdadeiros produtores e produtoras de alimentos da nossa região.
A Zona da Mata foi considerada como Polo Agroecológico e de Produção Orgânica (Lei n° 23.207/18) - um reconhecimento da caminhada histórica dos movimentos sociais da região e do estado, na luta junto com as famílias agricultoras, em defesa da agricultura familiar e da agroecologia. Nas últimas décadas essas famílias têm sofrido com o avanço da mineração, através da exploração do minério e da bauxita, que degrada os solos, prejudica as águas, a biodiversidade e gera impactos sociais negativos.
Para garantir a compra de alimentos da agricultura familiar e atender as famílias em vulnerabilidade social, a Campanha Periferia Viva da Zona da Mata já distribuiu mais de 5 toneladas de alimentos (compondo cerca de 372 kits para famílias e algumas instituições) nos municípios de Teixeiras, Viçosa, Ubá, Muriaé, Manhuaçú e Manhumirim.
Na região, fazem parte da construção dessa Campanha: Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), Levante Popular da Juventude, Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM), Rede Raízes da Mata, Movimento Quem Luta Educa, Escola Nacional de Energia Popular (Enep), Pastoral da Juventude Rural, Consulta Popular, Núcleo de Educação do Campo e Agroecologia (ECOA-UFV), Movimento Sem Terra (MST), Nós Nós, União Nacional por Moradia Popular, CMP, Coopaf Muriaé, Comissão de Enfrentamento à Mineração na Serra do Brigadeiro, Rede Sabor e Saúde da Serra e Sorridents.
Autor: Isabela Pasini (edição Wanessa Marinho)