
“Neste ano o lema foi: “O Senhor fez em mim maravilhas, santo é o seu nome” – Lc. 1-19. Inspiradas na força e na gratuidade de Maria é que queremos continuar na caminhada, impulsionadas pelo amor de nosso Deus misericordioso e seguindo os ensinamentos de Jesus nosso mestre e Senhor”, acrescenta.
Uma mística de cura e resgate da ancestralidade, com a indígena Mayo Pataxó, foi um dos pontos altos do evento. O momento de acolhida fez com que as mulheres se emocionassem e dessem bonitos depoimentos sobre as suas companheiras de caminhada.
Além das mulheres arquidiocesanas, também foram convidadas mulheres representantes de movimentos, associações e sindicatos. Mais de 150 mulheres compareceram. Entre elas, a equipe do Programa Mulheres e Agroecologia do CTA-ZM, que foi convidada para levantar as pautas sobre auto-estima e mulheres vítimas de violência.
“A ideia de promover um Encontro Arquidiocesano de Mulheres é uma proposta que veio do Fórum Social pela Vida através do Eixo ‘Dignidade Humana’, eixo que é acompanhado e assessorado por Leci da Conceição. Após a realização do primeiro encontro e a pedido das mulheres participantes, já se marcou o 2º encontro e daí não parou mais e quem participa sempre volta no próximo” – explica Efigênia.
Já tendo participado de coletivos de mulheres, a economista doméstica Rosângela Faria acredita que encontros como esse devem acontecer mais vezes ao ano: “Essa foi a minha primeira vez participando do encontro da Arquidiocese de Mariana. Eu estava vindo de um período de muito stress, cansaço, sentindo falta desse trabalho com o coletivo de mulheres. E hoje de manhã eu acordei, me olhei no espelho e eu nunca me senti tão linda na minha vida. Eu estou muito feliz com esse encontro, eu estou me redescobrindo como mulher, como pessoa que quer lutar, engajada com esse trabalho de estar junto com as mulheres, isso me faz muito bem. Ter a oportunidade de falar é bom, mas e daqui pra frente o que vai acontecer? Nós vamos continuar aceitando os maridos machistas? A auto-estima é no dia a dia, tem que ter alguma coisa que continue aumentando a nossa auto-estima. Quando você vem no encontro, melhora. Então é muito importante ter uma continuidade.
Integrando a roda de conversa promovida pelo CTA-ZM, Rosângela observou o quanto o machismo ainda tem raízes profundas na nossa sociedade: “Me chamou a atenção algumas mulheres sentirem que estão bem, mas no fundo estão sofrendo. Sofrem abuso emocional e físico, e acham que isso é normal. Elas são empoderadas, mas tem um resquício, alguém que está mandando nelas ainda. Então isso tem que ser mudado”, avalia.
Auto-estima e mulheres vítima de violência não foram os únicos temas discutidos no evento. Divididas em diversas rodas de conversa, as participantes também conversaram sobre conflitos da juventude, mulheres separadas, economia solidária, terapias tradicionais, conflito com a dependência química, diversidade de gênero, empoderamento e espiritualidade.
“O objetivo desse encontro, que está se tornando um grande evento, é motivar, sensibilizar, mobilizar as mulheres quanto aos seus direitos de cidadãs e que devem ser vistas como tal, não à margem, como sombras, vivendo nas coxias da vida. Mas como protagonistas de suas histórias”, ressalta a coordenadora do encontro, Efigênia Saraiva.