Pequeno, cabelos cor de fogo, pés virados para trás. O dono dessas características é o Curupira, personagem que faz parte do folclore brasileiro. Segundo a lenda, ele é responsável por proteger as florestas e os animais que nelas habitam. Quando vê alguém destruindo a natureza ou fazendo mal aos bichos, o Curupira prega alguma peça – dizem que a sua maior travessura é fazer com que essas pessoas se percam na mata e nunca mais consigam sair.
E agora você se pergunta: “Mas o que o Curupira tem a ver com o CTA?” A resposta é: TUDO! Curupira, além de ser um herói do folclore, também dá nome ao projeto que se preocupa com o meio ambiente e que trabalha com crianças e adolescentes nas escolas de quatro municípios da região da Zona da Mata mineira: Acaiaca, Araponga, Divino e Viçosa. Seu objetivo é levar, para os participantes, variados temas relacionados com a agroecologia, através das diversas linguagens artísticas.
Em janeiro, a ONU (Organização das Nações Unidas) declarou 2014 o Ano Internacional da Agricultura Familiar. Diante da importância e do reconhecimento do tema, a equipe do Projeto Curupira aproveitou para fazer dele o assunto trabalhado durante este semestre - “Agricultura Familiar: Alimentar o Mundo, Cuidar do Planeta”. Uma das técnicas, Jaqueline Medina, explica:
“O foco do CTA é agricultura familiar e agroecologia, então a gente não podia deixar passar esse tema em branco. Por isso estamos reforçando em todas as escolas, o que o mundo inteiro está sabendo, que esse é um ano para homenagear a agricultura familiar. Agora as pessoas estão acordando para o fato de que quem alimenta o povo brasileiro, que alimenta o mundo, é a agricultura familiar.”
Além de jogos, música, dança, teatro, desenho e conversas, está sendo usada uma cartilha interativa com textos que trazem informações, curiosidades e brincadeiras sobre a agricultura familiar, introduzindo e orientando a discussão do tema de uma forma divertida. A princípio, a ideia começou no formato de um folder, mas, aos poucos, a equipe foi acrescentando uma brincadeira ali, uma curiosidade aqui, até se transformar na cartilha usada hoje.
A cartilha é produzida coletivamente pelos participantes do projeto e o seu principal diferencial neste semestre são as ilustrações feitas pela ex-estagiária Barbara Louzada (idealizadora da capa que representa uma propriedade agrícola da agricultura familiar); e pelo estagiário Flávio Teodoro (criador do layout e do desenho interativo no interior da cartilha).
“Desde o início, quando eu entrei no projeto, a gente queria produzir um material que fosse ao mesmo tempo interativo, explicativo e didático. Então a construção dos desenhos, tanto no tema biomas quanto no gênero, consumo consciente e agora na agricultura familiar, que é o tema mais recente, é toda pensada a partir dessa relação interativa e reflexiva também. O objetivo é que, ao olhar o desenho, a pessoa possa captar a essência do tema”, explica Flávio.
Ele ainda destaca que as últimas cartilhas trouxeram temas importantes para o desenvolvimento das crianças de jovens, como: “Biomas do Brasil”, “Gênero e Agroecologia” e “Consumo consciente”. E sobre o tema atual, completa afirmando:
“Se você não é agricultor ou se não mora na roça, talvez você não perceba a influência e a relevância da agricultura familiar, sobretudo agroecológica, para a saúde, bem estar e segurança alimentar. Mas eu vejo que as crianças e os jovens que participam do Curupira, a maioria da zona rural, ficam surpresos quando entendem que eles fazem parte disso, que eles são os responsáveis pela alimentação do mundo.”
Autor: Patricia Sousa