Pesquisa-ação mostra o potencial das mulheres agricultoras na defesa da agroecologia!

As mulheres que praticam a agroecologia nas áreas sob sua responsabilidade, como quintais, pomares, roças e agroflorestas, buscam garantir a alimentação e a saúde de suas famílias através de sua produção. Um trabalho muitas vezes não remunerado e invisibilizado, que desenvolve conhecimentos através da troca de saberes e tem como um dos pilares o respeito pela “natureza”.

Acervo: Projeto GENgiBReDiante dos constantes avanços das ameaças aos territórios onde vivem - uso de agrotóxicos, mineração e transgênicos, por exemplo - essas agricultoras também desempenham um papel de resistência importante na mobilização de suas comunidades. Elas estão envolvidas diretamente na defesa de seus territórios e também no enfrentamento às diversas violências que vivenciam no campo, em função das atribuições de gênero construídas socialmente, que responsabilizam as mulheres pelo papel de cuidado.

O Projeto GENgiBRe

O projeto de pesquisa GENgiBRe “Relação com a natureza e igualdade de gênero: uma contribuição à teoria crítica a partir de práticas e mobilizações feministas na agroecologia no Brasil” propõe compreender a relação das agricultoras agroecológicas com a “natureza” e como esse vínculo contribui para a ampliação da sua visão de território e engajamento para a defesa do mesmo. O GENgibre pretende co-produzir conhecimentos, dialogando o saber científico e os saberes das agricultoras, visando tanto subsidiar o debate acadêmico, quanto fortalecer a luta das mulheres e suas mobilizações em prol da agroecologia e de relações sociais igualitárias.

Acervo: Projeto GENgiBReSegundo a colaboradora do CTA-ZM, Liliam Telles, “Por meio do desenvolvimento desse trabalho de pesquisa, nós estamos, simultaneamente, atualizando o nosso olhar para o contexto, desde uma perspectiva feminista, contribuindo com os processos de mobilização e luta das mulheres e incidindo sobre o debate acadêmico. A perspectiva da economia feminista e da ecologia política, também podem ajudar a fortalecer as estratégias de ação do CTA-ZM e também identificar pontos que a organização pode priorizar no aporte para as mulheres”.

A pesquisa se concentra em duas regiões do sudeste do Brasil, o Vale do Ribeira (SP) e a Zona da Mata (ZM-MG), regiões marcadas pela presença de importantes redes de agroecologia e organizações feministas, bem como de conflitos socioambientais. Na ZM-MG, o projeto GENgiBRe está sendo executado em parceria com o Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM) e a Universidade Federal de Viçosa (UFV), dialogando com movimentos sociais e outras organizações da sociedade civil no âmbito do Polo Agroecológico e de Produção Orgânica da Zona da Mata.

Para a professora coordenadora do vínculo da pesquisa entre a UFV e o IRD, Maria Alice Mendonça, do DER-UFV, o projeto é “um esforço para construir vias de mão dupla entre a ciência e a sociedade. Abrindo novas janelas de oportunidade científicas e políticas para se pensar as dinâmicas agroalimentares a partir do empoderamento do conhecimento popular das mulheres em seus territórios, enquanto sujeitos políticos e agricultoras”.

Parceria Franco - Brasileira

A parceria envolve pesquisadoras, professoras/es e funcionárias de várias instituições: IRD-Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento da França (Laboratório Centre d’Études en Sciences Sociales Sur les Mondes Africains, Américains et Asiatiques – CESSMA), da UFV (Departamento de Economia Rural e Departamento de Solos, Brasil), CTA-ZM (Brasil), da Sempreviva Organização Feminista (SOF, Brasil) e da Universidade de Toulouse (Laboratório DYNAMIQUES RURALES, França).

O projeto é financiado principalmente pela Agência Nacional da Pesquisa da França (2021-2025), sob a coordenação da pesquisadora Isabelle Hillenkamp (IRD) que destaca em seu depoimento a importância da parceria: “Esse tipo de pesquisa, que valoriza [as mulheres], torna-se possível por meio de metodologias qualitativas, com muita observação de campo e de uma articulação com as organizações e os movimentos sociais, nesse caso o movimento feminista e o agroecológico”. Para a pesquisadora, projetos como o GENgiBRe revalorizam práticas econômicas não unicamente mercantis e abrem outras janelas para se pensar o desenvolvimento social e econômico local.

Os resultados do projeto de pesquisa serão divulgados na forma de artigos científicos e publicações em diferentes linguagens e idiomas.

Para saber mais, acesse o site oficial do projeto GENgiBRe: https://gengibre.org/

Autor: Michele Sotero;
Fonte: Projeto GENgiBRe; Revisão: Liliam Telles, Roberta Cardoso e Maria Alice Mendonça.

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