
A formação aconteceu em dois módulos: o primeiro, com um recorte regional, abordou as formas de gestão de recursos do Programa e a produção e comercialização feita pelas agricultoras e agricultores familiares. “Apresentamos um diagnóstico e um panorama do funcionamento do PNAE nos últimos anos nos territórios em que o CTA atua. Pesquisei em cerca de 15 municípios informações sobre o funcionamento da compra da agricultura familiar e, a partir disso, pudemos debater maneiras de contribuir para o fortalecimento do PNAE nesses municípios”, explicou Rafael.
Ele ainda lembra que a execução do PNAE depende de muitos profissionais de diferentes áreas e, nesse sentido, todos os programas do CTA podem exercer um importante papel no auxilio aos envolvidos no Programa, como as escolas, os estudantes e os agricultores. Bela reforça que o momento de integração da equipe em torno desse tema é uma oportunidade para “tecer complementariedades” capazes de “potencializar a boa execução dessa política pública”.
O segundo módulo da formação focou na soberania e segurança alimentar e nutricional. A capacitação foi facilitada pela Bela e pela nutricionista Alexandra Vieira que compartilhou suas experiências com o PNAE na cidade de Alfenas. Ela relatou os desafios e as possibilidades que a política proporciona, além de sua importante atuação na garantia da segurança alimentar, uma vez que propicia a “oferta diária de refeições nutritivas e diversificadas nas escolas, com a inclusão de alimentos oriundos da agricultura familiar e cada vez mais alimentos agroecológicos”.
Alexandra também destacou que o Programa e os envolvidos nele são fortalecidos pela “inserção do tema educação alimentar e nutricional no processo de ensino aprendizagem, de maneira a abordar o sistema alimentar em sua integralidade, a alimentação em todas as suas dimensões e a promoção de sujeitos mais autônomos e críticos”. A nutricionista agradeceu o convite feito pelo CTA e afirmou que espaços de diálogos como essa oficina são “essenciais para vislumbrar caminhos a seguir”.
O próximo encontro de formação da equipe acontecerá em outubro.
Soberania e segurança alimentar no contexto na pandemia
Para Bela Pasini, as discussões propostas estão acontecendo em um momento importante e estratégico: “A atual pandemia põe em cheque esse sistema hegemônico onde a produção química-alimentar-farmacêutica cumpre um papel chave em sua manutenção e reprodução, acentuando a insegurança alimentar de diversos grupos em vulnerabilidade social. É preciso, mais do que nunca, construir alternativas ao sistema agroalimentar hegemônico, garantindo a autonomia dos povos na construção de suas formas de produção, comercialização e consumo que respeitem os bens naturais comuns, o controle sobre seus territórios, as diversidades culturais, o fortalecimento de economias e circuitos locais, valorizando os camponeses e camponesas, agricultores e agricultoras familiares e povos e comunidades tradicionais, com especial ênfase na importância do papel das mulheres para a promoção da soberania alimentar”, ressalta.
Autor: Lílian Moura