O mundo entrou na roda e a capoeira agora é um Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Quem ouve berimbaus, atabaques, pandeiros, reco-recos e agogôs às vezes nem imagina a riqueza e a trajetória desta manifestação.
Criada no Brasil, nos estados do Rio de Janeiro e da Bahia, apenas como uma luta, a capoeira era utilizada pelos escravos que buscavam uma maneira de se defenderem dos maus tratos sofridos. Mais tarde, a música e a dança foram incorporadas a fim de disfarçar o caráter de luta e evitar as perseguições e prisões.
Contudo, no final do século XIX, a capoeira foi considerada uma ameaça à segurança da sociedade e sua prática foi proibida em todo o território nacional. Mas, apesar da proibição e dos ataques sofridos pelos praticantes, as rodas de capoeira continuaram acontecendo no Brasil.
A história dessa manifestação cultural ganhou outros rumos quando os Mestres Bimba e Pastinha fundaram centros específicos para o ensino da capoeira e destacaram seus valores morais e sociais. Na década de 40 a prática deixou de ser ilegal e assim mais pessoas se engajaram em difundi-la.
A capoeira como conhecemos hoje, que une arte e esporte é, sobretudo, a mistura das culturas que marcam e representam a diversidade do povo brasileiro. Desde 2008 a roda de capoeira é reconhecida como um dos patrimônios históricos e artísticos do Brasil, e no último dia 26 de novembro teve a sua relevância reconhecida também pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A roda de capoeira recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Capoeiristas de todo o Brasil, e também espalhados pelo mundo, estão certamente comemorando a condecoração. Aqui no Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata não é diferente. O professor de capoeira do Projeto Conviver, Matheus Garcia, afirma ser um avanço importante para a capoeira enquanto prática e, principalmente, como história viva do nosso país.
“Não somos só o país do carnaval e do futebol. Temos a capoeira, que é símbolo de resistência e liberdade, que traz consigo a força e a história do povo do Brasil”, ressalta.
Matheus ainda enfatiza que as crianças que participam das aulas de capoeira aprendem mais do que cantar, tocar instrumentos e realizar os movimentos específicos da luta, elas aprendem o respeito ao próximo, a superação de limites e a valorização das tradições e da identidade cultural brasileira.
No livro A Herança do Mestre Pastinha, Decanio coloca:
“... os múltiplos aspectos da capoeira
se manifestam consoante o contexto
como a água toma a forma do vaso:
no treino é ginástica,
na festa é uma dança,
na arte é coreografia,
na tradição é folclore,
na vida é filosofia,
na medicina é terapia,
na educação é pedagogia”.
Axé e vida longa ao mais novo Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade!