A Troca de Saberes é um evento de luta e resistência, que acontece há 11 anos, dentro do Campus da UFV durante a Semana do Fazendeiro e reúne diversas entidades e movimentos da Agroecologia de todo o Brasil. Através das IAP’s, intervenções culturais, exposições de feiras, peneirinhas e peneirão constroem-se articulações para os calendários de trabalho dentro do movimento agroecológico.

A Instalação Artístico Pedagógica facilitada durante a Troca possibilitou o diálogo entre diversas entidades e famílias agricultoras, e contou com a participação de cerca de 40 pessoas, das cidades de Paula Cândido, Araponga, Lajinha, Teófilo Otoni, Simonésia, Florestal, Juiz de Fora, Ressaquinha, Pouso Alto, Goianá, Governador Valadares e Viçosa.

A IAP foi montada com elementos da certificação participativa, como cartilhas e cadernetas agroecológicas, materiais sobre o controle social, produtos e cartazes exemplificando os sistemas participativos e de auditoria, alimentos, banner e cartazes de eventos e campanhas, etc. A atividade, conduzida a partir de um círculo de cultura, permitiu que as todas as pessoas participassem e escolhessem um elemento presente no círculo que lhe chamasse atenção e dialogasse com a sua experiência em agroecologia. Após esse momento, cada um relatou o porquê da escolha daquele elemento e o que ele simbolizava em sua trajetória.

Durante a IAP, os companheiros do MST de Tumiritinga e Goianá relataram as experiências sobre os guardiões de sementes e a geração de autonomia para os agricultores da região. Sobre a Organização de Controle Social, foram feitos relatos sobre as experiências com as cadernetas agroecológicas que estão contribuindo para o registro do trabalho e visibilidade das mulheres como protagonistas na produção e beneficiamento de suas propriedades. Além disso, as experiências com o caderno do plano de manejo e outros registros de controle social também foram compartilhadas com entre (as)os participantes.

Em todo o debate foi destacado a importância dos intercâmbios agroecológicos para a troca de experiências nas propriedades e da valorização dos conhecimentos ancestrais para a soberania alimentar.

A segunda atividade realizada pelo SPG na Troca de Saberes foi a peneirinha. As peneirinhas são rodas de conversa sobre algum assunto específico dentro da agroecologia, que tem o objetivo de ir apurando o que tem de mais importante dentro daquele tema e os seus encaminhamentos. A reunião de todas as peneirinhas é chamada de peneirão, onde se potencializa e otimiza todas as ideias para continuar a caminhada e as lutas do movimento agroecológico.

Os principais assuntos debatidos na peneirinha SPG partiram do entendimento de que a construção do SPG-ZM é uma ação em andamento do Polo Agroecológico da ZM, a partir de atividades como o Seminário Regional, os Seminários Territoriais e Municipais, e as visitas nas propriedades.

Esse foi um importante momento para entender também como estão as construções dos diferentes SPG’s presentes na Troca de Saberes (ZM, RMBH, Manhuaçu, JF/MOGICO) e de pensar em formas de relacionar e aproximá-los. Além disso, debateu-se também a possibilidade de construção de uma OPAC e como pode ser articulado e efetivado.

Esses espaços de compartilhamento de experiências na Troca possibilitaram que diferentes saberes fossem levados para outros cantos do Brasil e proporcionaram o diálogo entre SPG’s de outras regiões além da Zona da Mata. Essas relações construídas fortalecem o controle social, as das trocas de experiências e nosso movimento agroecológico.