
Sem Feminismo não há Agroecologia!
Após as instalações artístico-pedagógicas (IAPs) e a mesa de partilha, as pessoas iniciaram diferentes espaços de conversa de forma simultânea. Na primeira roda de conversa, as mulheres compartilharam os desafios que enfrentam em seus territórios e as estratégias que utilizam para resistir e confrontar esses obstáculos.
A busca pela divisão justa do trabalho doméstico e do cuidado esteve em pauta, assim como a importância das mulheres na política e na liderança das organizações. Além disso, demonstrando a força do movimento na busca pelos seus direitos, as mulheres também deliberaram futuras atividades que desejam mobilizar no próximo ano, como o 8 de Março e a Marcha das Margaridas.
Para Solange Borges, agricultora agroecológica e orgânica do município de Espera Feliz, as mulheres ainda enfrentam muitos desafios em suas vidas. Para ela, as rodas de conversas, saberes e conhecimentos, junto a união das mulheres, são pontos de partida para o enfrentamento a esses obstáculos. “Mostra que a mulher tem vez e voz e que o companheiro deve se unir, como a fala de uma companheira ali, que o homem e a mulher tem que estar igual, em igualdade”, completa.
Renovar as energias na luta pela busca do reconhecimento da importância da agricultura familiar é um dos sentimentos que Ivanilda Mafra, agricultora familiar e moradora da comunidade quilombola Córrego dos Nobres em Viçosa, levará da Troca de Saberes. “Apareceu essa oportunidade de estarmos vindo, aprendendo coisas boas e levando para a nossa comunidade. Esses conhecimentos, ensinamentos e sobre o viver como mulher também”.
“Pelo direito de ser quem eu sou!”
Na segunda roda, foram realizadas oficinas da linha do tempo sobre a ancestralidade do povo Puri, contextos socioambientais e econômicos que permeiam suas vidas, no sentido de fortalecer o processo de ressurgência desses povos originários da região sudeste do Brasil, em relação à sua comunidade, língua, cultura e território.
Zélia Balbina Puri, escritora e indígena Aponã Puri, compartilha em nossa conversa sua relação com a Troca de Saberes e a importância desta no enriquecimento e ressurgência de seu povo, como a construção da Coleção Semear em 2018, a partir da Troca. “É místico e o nome disso é troca de saberes. Porque os saberes não são só os nossos que estão aqui não, é da ancestralidade, é de todo o povo que trabalhou atrás de nós. E a gente está aqui, dando continuidade para isso, do nosso jeito”, conclui.
Outras trocas
Além disso, também foram realizadas conversas na Tenda dos Cuidados e com a Associação Comunitária Liamba Agroecológica da Mata (ACOLHAM) sobre temas como “Plantas Malditas: tabaco, maconha, artemisia e belladona” refletindo sobre o contexto das plantas medicinais no Brasil, seus desafios e possibilidades.
A Troca de Saberes é um grande encontro da agroecologia que acontece há 13 anos, colocando o saber popular no centro do campus universitário. Um espaço de articulação intercultural de diversos grupos, organizações e movimentos, proporcionando o fomento de agendas comuns e fortalecendo o movimento agroecológico.
A programação do encontro continua até 19 de agosto contando com espaços presenciais e virtuais. Para saber mais acompanhe as mídias sociais da Troca de Saberes aqui.
Autor: Michele Sotero