
Criada em 2012 pelo Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM) juntamente com o Movimento de Mulheres da Zona da Mata e Leste de Minas (MMZML) e em parceria com o GT Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), a iniciativa tem como um dos objetivos visibilizar o trabalho das mulheres do campo em seus quintais produtivos.
Para Sônia Teresinha, agricultora no município de Simonésia e membra do SINTRAF (Sindicato dos Trabalhadores Rurais), o trabalho com as cadernetas é muito bom. Ela fala também sobre a importância das anotações para, ao final do mês, as mulheres conseguirem visualizar sua produção naquele período. “A expectativa é de que as mulheres tenham seu valor reconhecido. É saber o que está fazendo com sua produção das hortas e até mesmo da lavoura. E também a ideia que eu acho importante é que no final do mês você sabe tudo que você consumiu, doou, vendeu e trocou”.
Nesse momento a equipe (composta por Roberta Cardoso, Nayara Castro e Railyne Paula) inicia um novo ciclo com as cadernetas atuando em cinco municípios e contando com a participação de 68 mulheres. Nesta nova rodada, também há outras novidades no desenvolvimento do trabalho: cada grupo de mulheres terá que construir estratégias para organizar a produção das vendas, avançar no seu enfrentamento à mineração e debater sobre a ancestralidade indígena e quilombola nos seus quintais e modos de vida.
Roberta Cardoso, técnica do Programa Mulheres e Agroecologia do CTA-ZM, ressalta a relevância da participação das mulheres na construção da percepção sobre a importância do trabalho delas na renda da casa e da família. Além disso, elas também utilizam os aprendizados que as anotações nas cadernetas trazem, para se fortalecerem na luta do enfrentamento à mineração e na organização dos produtos dos grupos, associações e feiras. “A partir dessa percepção elas enxergam as possibilidades de uma maneira diferente. Percebem que elas conseguem vender e que fazem parte de forma substancial da renda da casa, e assim melhoram a questão da autoestima”, completa.
Municípios e Comunidades Participantes
Confira abaixo os municípios e as comunidades de atuação das cadernetas nesta rodada:
Viçosa - comunidades do Córrego dos Nobres, Pau de Cedro e Buieié;
Espera Feliz – comunidade de Taboão;
Simonésia – diversas comunidades com mulheres ligadas ao SINTRAF;
Diogo de Vasconcelos – diversas comunidades com mulheres ligadas à feira e à associação.
Paula Cândido - comunidade de Airões e Córrego do Meio;
Em qual etapa está o trabalho?
Até o momento, a etapa realizada na nova rodada foi de sensibilização das agricultoras, na qual é construído, junto com elas, o sentido político do processo de anotação das Cadernetas Agroecológicas.
Em resumo, ensina-se sobre o processo de anotação das cadernetas, como funciona, além de serem levantadas as possibilidades de atividades e oficinas para serem organizadas durante o ano.
Mais informações estão disponíveis nos diversos materiais sobre o assunto na biblioteca do CTA-ZM, na seção “Cadernetas Agroecológicas”. Também é possível o contato com a equipe, que pode ser realizado pelo email [email protected]
Autora: Michele Sotero